Mercados futuros: tudo o que precisa de saber para poupar

Os mercados futuros desempenham um papel fundamental na gestão de riscos associados à volatilidade dos preços, particularmente nos setores da eletricidade e do gás natural. Compreender o seu funcionamento e a sua influência nos custos da energia pode ser uma mais-valia significativa para consumidores e empresas que procuram otimizar os respetivos gastos energéticos. 

O que são os mercados futuros de eletricidade? 

Os mercados futuros de eletricidade são plataformas de negociação onde se compram e vendem contratos para a entrega de eletricidade numa data futura, a um preço previamente estabelecido. Por exemplo, no mercado português e espanhol, esta função é desempenhada pelo operador OMIP, para o mercado OMIE. Estes contratos permitem que os intervenientes no mercado, como produtores, distribuidores e grandes consumidores de energia, possam proteger-se das oscilações de preços que ocorrem no mercado à vista (também conhecido como spot), onde a eletricidade é transacionada para entrega imediata. 

Os contratos futuros especificam a quantidade de eletricidade a ser entregue, a data de entrega e o preço a pagar. Estes instrumentos são essenciais para quem pretende garantir um preço fixo para a eletricidade que irá consumir ou vender no futuro, eliminando o risco associado à incerteza dos preços. 

Como é calculado o preço nos mercados futuros de eletricidade? 

O preço nos mercados futuros de eletricidade é determinado por uma série de fatores, incluindo as previsões de oferta e procura, os custos de produção, as condições climáticas e as políticas energéticas. Por exemplo, se se antecipar um aumento na procura de eletricidade devido a uma previsão de temperaturas extremas, os preços dos contratos futuros tendem a subir. 

Além disso, os preços nos mercados futuros são influenciados por outros elementos macroeconómicos, como o preço do gás natural, que é uma das fontes de geração de eletricidade em muitos países, incluindo Portugal. Alterações nas políticas governamentais, incertezas geopolíticas e mudanças tecnológicas também têm um impacto direto nos preços futuros. 

É importante destacar que os preços nos mercados futuros refletem as expectativas dos participantes do mercado. Isto significa que, mesmo que os preços no mercado à vista estejam baixos atualmente, os preços futuros podem ser mais elevados se se antecipar uma subida na procura ou uma restrição na oferta de eletricidade.

De que forma os mercados futuros estão relacionados com o preço da energia? 

Os mercados futuros e os preços da energia estão profundamente interligados. Os preços futuros influenciam as expectativas dos preços no mercado à vista e podem levar a ajustes nos preços finais pagos pelos consumidores. Por exemplo, se os preços futuros indicarem uma tendência de alta, os fornecedores de energia podem aumentar as suas tarifas, antecipando-se a possíveis aumentos de custo. 

Os mercados futuros também oferecem uma forma de cobertura e proteção contra a volatilidade dos preços. Empresas com grandes necessidades energéticas utilizam frequentemente contratos futuros para garantir preços estáveis, minimizando o risco de oscilações desfavoráveis no mercado à vista. Para os consumidores, especialmente os que contratam tarifas indexadas, as variações nos mercados futuros podem traduzir-se em aumentos ou reduções diretas nas suas faturas de eletricidade. 

Por outro lado, uma queda nos preços futuros pode ser benéfica para os consumidores, particularmente se os fornecedores transferirem essas reduções para as tarifas de eletricidade, contudo, a extensão dessa transferência depende da competitividade do mercado e das práticas comerciais dos fornecedores. 

Se, porventura, já acedeu a simuladores como o da ERSE, constatou que é realizada uma estimação anual, mesmo em tarifas indexadas. Pois bem, essa estimação é executada com base nos preços futuros de energia, o que significa que não tem, necessariamente, que pagar aquele valor pelo kWh, pois, como dissemos, estes mercados são sujeitos a algumas volatilidades, provenientes de vários fatores. 

Quais as tarifas de eletricidade em que deverei estar mais atento aos mercados futuros? 

Para os consumidores portugueses, é especialmente importante estar atento às tarifas indexadas, diretamente ligadas aos preços do mercado grossista de eletricidade, o qual é influenciado pelos mercados futuros. Estas tarifas variam com os preços no mercado, o que significa que aumentos nos preços futuros podem refletir-se imediatamente nas faturas de eletricidade. 

Por outro lado, as tarifas fixas oferecem uma certa proteção contra as flutuações de preço ao longo do período do contrato. Contudo, estas tarifas podem incluir uma margem adicional que compensa o risco para o fornecedor, podendo ser mais elevadas do que as tarifas indexadas em períodos de preços baixos. 

Para os consumidores industriais e grandes consumidores de energia, a monitorização dos mercados futuros é ainda mais crítica porque eles podem negociar diretamente nos mercados futuros para garantir preços mais competitivos e proteger-se contra as oscilações do mercado à vista, o que pode resultar em economias substanciais. 

É essencial compreender o funcionamento dos mercados futuros de eletricidade e a sua influência nas tarifas energéticas para fazer escolhas informadas e otimizar os custos com a eletricidade. Estar atento às tendências destes mercados pode ser uma estratégia eficaz para poupar, seja na contratação de tarifas indexadas ou fixas, ou na negociação direta de contratos futuros de energia para quem possa aceder a esta opção. Já os consumidores domésticos podem conjugar diversos fatores para ter o melhor custo possível, especialmente no mercado livre, como é o caso das vantagens de multienergia dos Planos de Eletricidade e Gás da Repsol.